Poesia



(...)

Poesia é coisa divina
Revelação, catarse;
O encontro do autor consigo e com o leitor;
Segredo que não se diz somente com a sonoridade
das palavras, mas com a emoção da escrita:
Letra por letra; Sílaba por sílaba;
Palavras, versos, rimas, intenções.
Sentimento é matéria prima.

Poesia são declarações
Discurso de mil e uma interpretações
Passatempo,
Comunicação.

Permita-se conhecer minha liberdade poética!
Basta querer ver, sentir, entregar-se
Nem precisa preocupar-se com significação
Épica, narrativa, didática,
Lírica, satírica ou humanística.
Não importa! Importa é que você leia e que cause
alguma estranheza ou satisfação...


Análise:


A “Poesia” (2016) pode ser caracterizada como uma metapoesia, pois nela verifica-se que o eu lírico expressa-se sobre o conhecimento do fazer poético, em que evidência, inicialmente, a escrita poesia como “o encontro do autor consigo mesmo e com o leitor” (DANTAS 2016, p. 02) 

Nos dois primeiros versos, temos que a poesia, para o eu lírico, é “coisa divina, revelação”, relembrando conceitos da tradição clássica, advindas das epopeias gregas, nas quais, o poeta contava com o auxílio dos deuses e das musas inspiradoras para que a divina revelação viesse a lhe conceder o dom de transpor em palavras, as emoções e os feitos do homem. 

Na segunda estrofe do poema, verificamos que a poesia é concebida como matéria prima da palavra, visa essencialmente expor emoções, sentimentos, intenções. Assim como, na terceira estrofe, tal ideia é reforçada, incluindo que além de sentimento, ela também é “passatempo e comunicação”. 

Em relação à quarta estrofe, a “liberdade poética” a aparece como marca do processo de produção do autor, cuja preocupação, expressa pelo eu lírico, não está no estilo: épico, narrativo, satírico, etc. Afinal, para ele, como destaca na última estrofe, nada disso, importa. O que importa, é o que a poesia causará no leitor. As impressões e sentimentos deste, são de maior valia. 

Tais ideias expressas no poema vão de encontro ao que o poeta Ernandes Dantas revelou em entrevista, quando indagado a respeito do seu processo de criação. Ele alegou que não segue um estilo único, ou tendência, tão pouco, escreve para um público específico, pois confidenciou que a poesia lhe serve como escudo para espantar seus fantasmas e expor suas emoções. Mais do que rebuscamento, o autor, busca, na composição de seus poemas, a simplicidade e a liberdade de seu fazer a artístico, tal como elucida o eu lírico de “poesia”.

Analisado por:
Acadêmica: Adriana de Oliveira Teixeira Kató
Instituição: Universidade Federal de Roraima.

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