Na Amazônia não comemoramos “folclore”.
Essa palavra nasceu na Inglaterra do século XIX,
inventada por um europeu para falar do seu povo.
Mas nós não somos invenção,
nossas tradições não são peças de museu,
nossos encantados não são personagens de fantasia.
Aqui, cada história tem dono,
cada canto tem raiz,
cada encantaria é corpo vivo da floresta.
O que chamam de “folclore” nós chamamos de ancestralidade.
É o legado dos nossos povos originários,
é a sabedoria guardada nas palavras dos anciãos,
é a espiritualidade que caminha nos rios,
é a resistência que se levanta em cada aldeia, comunidade, quilombo e beira de rio.
Por isso, erguemos nossa voz:
Queremos o Dia da Ancestralidade Amazônica,
um dia para celebrar os que vieram antes de nós
e para lembrar que seguimos sendo guardiões da memória.
Neste dia não exaltamos lendas,
exaltamos ancestrais.
Não repetimos mitos,
fortalecemos histórias vivas.
Não representamos personagens,
reconhecemos encantados que habitam a floresta e os sonhos.
No Dia da Ancestralidade:
📌 Crianças ouvirão as histórias dos mais velhos,
📌 Povos indígenas e comunidades tradicionais ensinarão suas visões do mundo,
📌 As vozes dos encantados serão respeitadas como parte da nossa espiritualidade,
📌 A Amazônia deixará de ser “curiosidade folclórica” e será reconhecida como território de memória, luta e vida.
Porque folclore é palavra estrangeira.
Ancestralidade é raiz.
Folclore é espetáculo.
Ancestralidade é resistência.
Folclore é invenção acadêmica.
Ancestralidade é voz dos povos.
Que o Brasil inteiro aprenda com a Amazônia:
não temos folclore — temos memória.
Não temos lenda — temos história.
Não temos mito — temos encantaria.
E é por isso que defendemos o Dia da Ancestralidade Amazônica,
o Dia dos Povos Originários,
o Dia dos Encantados.
Ernandes Dantas
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